O algoritmo da rede chinesa tem promovido discursos de homofobia e transfobia.
Recentemente o TikTok lançou um comercial televisivo impulsionando a hashtag #livrepraser. Teve participação da Pabllo Vittar e todo aquele discurso lindo sobre liberdade de expressão e engajamento para vozes diversas🌈
Abrindo o app dá pra notar diversos conteúdos de pessoas da comunidade LGBTQI+. Então, o que eles estão fazendo de errado, ou, o que não estão fazendo?
A questão é que discursos de ódio também são postados e não necessariamente são banidos, mesmo sendo explicitamente uma forma de preconceito e violência.
Postagens com discursos homofóbicos ou transfóbicos, por exemplo, ganham engajamento, e são entregues da mesma forma que qualquer outro conteúdo, com a hashtag #fy ou ‘for you’.
Ou seja,é uma política geral que amplifica qualquer discurso, independente do conteúdo ser ou não violento.
É como se todo mundo pudesse falar e agir como bem entender, doa a quem doer e não sofrer quaisquer consequências sob o argumento “mas é liberdade de expressão”. Faz sentido? Não.
E mais, quem curtiu alguns vídeos com esse teor preconceituoso, será inundado com conteúdos desse submundo, encorajando a violência direcionada.
A ausência de políticas mais rígidas também já caiu sobre o Youtube, com as organizações de pedófilos, e o Facebook, com a disseminação das Fake News.
Querendo ou não, essas grandes empresas têm ciência dos públicos consumidores e escolhem não fazer nada sobre, afinal, todo engajamento e consumo para eles, é dinheiro.
Outros grupos marginalizados socialmente também reclamam da rede
Ziggi Tyler, criador de conteúdo, recentemente publicou em seu TikTok como as palavras “black” juntas com “sucess” ou “lives” e “matter”, eram banidas (vidas negras importam ou apoie pessoas negras). Em contrapartida, escrever “pro-white”, como apoiador do movimento supremacista branco, era aceito sem nenhum alerta.
A plataforma afirma ter havido um erro técnico, de calibrar o algoritmo, e que houve correção logo após as críticas. 🤡
Na prática, as plataformas precisam dialogar com lideranças dos diversos movimentos identitários e entender quando o termo é ou não um alerta.
Asian Woman também foi um termo temporariamente banido. Isso aconteceu em um momento próximo aos casos de xenofobia nos Estados Unidos, em que houveram ataques e agressões físicas a descendentes asiáticos.
Ou seja, em um momento importante para fortalecer narrativas plurais e explicar o que é “Perigo Amarelo” o TikTok baniu um termo necessário. A empresa também logo em seguida reconheceu e corrigiu o erro 🤡.
E o que o TikTok poderia fazer?
Que tal direcionar políticas personalizadas que tratem especificamente da segurança para a comunidade LGBTQ e demais grupos marginalizados socialmente?
O espaço ainda não é para todes. Os muitos conteúdos banidos sem quaisquer motivos evidentes devem ser revistos.
O que dá pra ver é que o TikTok só repara um erro com muita reverberação nas redes sociais + artigos e reportagens denunciando a falha específica.
Além disso, é preciso desarticular a organização das pessoas com discursos de ódio, direcionados a etnia, religião ou orientação sexual. É sobre conversar com coletivos/ movimentos sociais e especificar como são usados, nos territórios digitais, termos preconceituosos.
A frase icônica de Angela Davis, “Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, precisamos ser antirracistas”, também se aplica aos demais problemas e preconceitos, não basta não ser machista e não basta não ser homofóbico.
É mais do que isso, é não admitir ouvir certos discursos ou ver ações preconceituosas e não fazer nada.
E também bater na tecla mais uma vez: NÃO BASTA fazer comercial bonito! Existem demandas muito mais importantes que ficam à margem, como segurança, respeito e empregabilidade de pessoas marginalizadas socialmente.
Materiais de Pesquisa:
MEDIA MATTERS
MIT Tecnology Review https://www.technologyreview.com/2021/07/13/1028401/tiktok-censorship-mistakes-glitches-apologies-endless-cycle/
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