Quando se fala em marketing digital a primeira imagem que se forma é a de milhares de seguidores, infinitas curtidas e muitos reais no bolso. Qual é o erro nessa construção?
Quando visualiza sua comunicação dessa forma, cheia de números, você está se esquecendo dos rostos, corpos e almas que ocupam o lugar desse número por trás da tela do computador ou do celular. Os algoritmos e inteligências artificiais vieram para ficar e revolucionar o mercado, mas quem deixar sua comunicação apenas na mão dos números está fadado à mesmice.
Os algoritmos, assim como toda tecnologia existente, foram criados por seres humanos e, como tal, são falhos e cheios de preconcepções sobre pessoas e coisas. Joy Boulamwini, cientista de computação e ativista digital fala em seu TEDx Talk sobre as falhas dos sistemas de machine learning (máquinas que são capazes de aprenderem sozinhas à partir de grandes volumes de dados).
“Do outro lado do mundo eu descobri que o viés algorítmico consegue viajar tão rápido quanto o download de um arquivo qualquer”.
São questões de importante magnitude que ainda não começamos a perguntar e muito menos responder. Joy já criou a Liga da Justiça do Algoritmo com o propósito de combater esse tipo de viés, mas ainda estamos a uma longa distância da igualdade.
O tipo de problemática que Joy encontrou com os algoritmos é a prova de que apenas os números e a programação não vão fazer seu negócio chegar a qualquer lugar especial. Nas redes sociais, estamos buscando inspiração, referências, novidades, estamos construindo relacionamentos e relacionamentos dependem de pessoas.
Cada ser humano é seu próprio universo e no fim das contas, a comunicação continua sendo o que sempre foi: uma questão de transmissão social. É preciso entender o que faz seres humanos se apaixonarem pela mensagem que você quer compartilhar a ponto de querer se envolver com ela e posteriormente transmiti-la à sua própria rede de amigos.
É claro que não podemos ignorar as ferramentas que a tecnologia nos proporcionou, mas precisamos tomar muito cuidado para não viver totalmente dependentes delas. Quem souber aproveitar o melhor dos dois mundos vai se destacar nesses próximos anos em que a Inteligência Artificial vai chegar para causar uma disrupção econômica que não vemos desde o período da Revolução Industrial.
Chegou o momento de aprender a aproveitar o que o ser humano tem de melhor: sua capacidade de empatia. Primeiro precisamos de seres humanos para entender as dificuldades e necessidades específicas do consumidor para que depois a Inteligência Artificial possa entregar soluções personalizadas.
Marcas do futuro tem autenticidade, inovação, propósito. É preciso ir além do lifestyle, queremos ideologias fortes, queremos empoderamento. As pessoas não cabem mais em caixas, é preciso saber como dialogar com os múltiplos e sempre mutantes perfis de público.
ATUALIZAÇÃO:
15/04/2021
indicação de documentário sobre o cenário atual das inteligências artificiais e algoritmos. Essencial pra quem está buscando perspectivas mais aprofundadas sobre o assunto.
15/10/2021
biblioteca completa: https://tarciziosilva.com.br/blog/destaques/posts/livros-sobre-raca-e-tecnologia/
